A Cultura e Relações Interpessoais
Acabamos o 1º Período com o estudo da Cultura e das Relações Interpessoais, sendo percetível que são conceitos bastante envolventes e que se relacionam entre si. Nesta reflexão pessoal começarei por abordar o tema “Cultura”, fazendo uma pesquisa profunda acerca do mesmo, e farei ainda uma pesquisa sobre as Relações Interpessoais.
A Cultura
A Sociedade é um conjunto de pessoas que se relacionam entre si de uma forma civilizada. O modo de vida próprio de uma sociedade é o que se pode designar por cultura, a qual se manifesta por formas específicas e divergentes. A cultura é a herança social constituída por condutas, ideias, costumes, sentimentos, atitudes e tradições comuns a uma coletividade e transmitidos à geração seguinte.
O ser humano abarca com o peso de uma condição social portadora de regras de conduta que se lhe começam a impor logo após o nascimento. Assim, as respostas naturais, diretas e instintivas, são substituídas por outras pouco naturais, porém segundo os valores, crenças e costumes próprios do contexto social em que o indivíduo se insere.
Na verdade, os caracteres adquiridos e de influência social acabam por se sobrepor aos caracteres genéticos ou hereditários. Ao percorrermos diversas sociedades deparamo-nos com um conjunto de elementos que estão essencialmente presentes em todas as culturas, como por exemplo a língua/grupo de línguas, a história, a religião dominante organizada/conjunto de crenças religiosas, uma série de costumes e de valores nucleares, sistemas de organização social incluindo normas de conduta familiar, pessoal e social, artefactos únicos dessa sociedade (como por exemplo pintura, música, escultura, dança, teatro, entre outros), hábitos alimentares e sanitários socialmente aceites, uma moral comum entre muitos outros elementos.
Embora em sentido abstrato a cultura seja universal, a verdade é que em cultura não há universais, mas sim uma enorme diversidade que nos obriga a falar de modelos concretos ou padrões culturais. Padrão cultural é uma forma coletiva e específica de conduta cultural que uma sociedade estabelece como ideal, visa a normalização do comportamento dos indivíduos de uma dada sociedade, possibilitando a satisfação das suas necessidades e a previsibilidade dos comportamentos dos seus membros.
A vida em sociedade seria impossível e caótica caso não existissem formas relativamente estáveis e padronizadas de conduta, sem a existência de códigos culturais de regras de vida em comum. É necessário que cada indivíduo aprenda, interiorize, partilhe e valorize as suas orientações dos meios sociais e culturais em que se desenvolverá a sua vida. O processo pelo qual o indivíduo adquire padrões de comportamento e de pensamento, característicos do seu grupo de pertença designa-se socialização. A socialização atravessa toda a vida dos indivíduos, desde o nascimento até à morte. É um processo interativo, mútuo, que afeta sempre o comportamento e a conduta de todos os seus pacientes. O ser humano é um agente socialmente ativo, não se limita a ser um recipiente passivo, um guardião de uma tradição cultural transmitida socialmente, constrói-se, participa, interpreta, rejeita, recria e renova permanentemente o seu ambiente social. Sem socialização, nem o ser humano nem as sociedades seriam viáveis, logo o ser humano não é apenas um produto do seu meio, mas também um produto cultural.
A linguagem permite ao ser humano conservar, transformar e transmitir a cultura. A linguagem é assim, o instrumento que possibilita a comunicação com o outro e a condição que viabiliza o pensamento. Aliás, os relatos das crianças selvagens transmitem a importância vital das interações sociais precoces para o aperfeiçoamento da linguagem e de todos os processos e capacidades a ela associados. A forma como cada um interpreta e organiza (auto-organização) a experiência vivida condiciona a sua vida intra e interpessoal.
O ser humano está desde sempre condicionado por múltiplos fatores (internos e externos), características biológicas, influências socioculturais e experiências vividas.
A interdependência entre características genéticas, cerebrais e culturais do ser humano confere-lhe uma enorme diversidade da aparência física, nos modos de ser, de pensar e de agir.
Em suma, a cultura é uma comunidade, a socialização enquanto processo de integração nessa comunidade e normas e padrões cujo seguimento permite tal integração são os fatores de ordem aprendida que nos permitem atualizar e completar a nossa natureza humana. São eles que nos possibilitam a sobrevivência e a adaptação aos outros e às condições do meio e fazem com que possamos progredir na nossa realização.
Relativamente à cultura, centrar-me-ei numa cultura que captou a minha atenção: a Cultura Indiana.
Optei por fazer uma pesquisa sobre esta mesma cultura uma vez que observámos nas aulas de Psicologia um filme (“Água – Nas margens do Rio Sagrado”, de Deepa Mehta) que abordava e dava a conhecer um pouco da cultura Indiana.
A cultura indiana está marcada por um alto grau de sincretismo e pluralismo. Os indianos têm conseguido conservar as suas tradições previamente estabelecidas, enquanto absorvem novos costumes, tradições e ideias de invasores e imigrantes, ao mesmo tempo que estendem a sua influência cultural a outras partes da Ásia, principalmente Indochina e Extremo Oriente.
A sociedade tradicional da Índia está definida como uma hierarquia social relativamente restrita. O sistema de castas descreve a estratificação e as restrições sociais do subcontinente indiano; também definem as classes sociais por grupos endogâmicos hereditários, que a princípio se denominam jatis ou castas. Os valores tradicionais das famílias indianas são muito respeitados e o modelo patriarcal tem sido o mais comum durante séculos, ainda que recentemente a família nuclear se esteja convertendo no modelo seguido pela população que vive na zona urbana. A maioria dos indianos tem os seus casamentos arranjados pelos seus pais e por outros membros da família respeitados, com o consentimento da noiva e do noivo. O matrimónio é planeado para toda a vida e a taxa de divórcio é extremamente baixa. O casamento na infância é ainda uma prática comum, já que metade das mulheres indianas se casa antes dos dezoito anos.
A gastronomia da Índia é caracterizada por uma grande variedade de estilos regionais e o uso sofisticado de ervas e espécies. Os alimentos básicos são feitos com arroz (especialmente no sul e no leste) e o trigo (predominante no norte). Espécies, como pimenta-preta, que agora são consumidas em todo o mundo, são originalmente nativas no subcontinente indiano. O pimentão, que foi introduzido pelos portugueses, também é muito utilizado na cozinha indiana.
A roupa tradicional varia de acordo com as cores e estilos segundo a região e depende de certos fatores, incluindo o clima. Os estilos de vestir incluem prendas simples como o sári para as mulheres e o dhoti para os homens; outras prendas como salwar kameez para as mulheres e os kurta-pijamas, calças de estilo europeu e camisas para os homens também são populares.
Muitas celebrações indianas são de origem religiosa, ainda que algumas sejam celebradas independentemente da casta. Algumas das festas mais populares da Índia são: Diwali, Holi, Durga Puja, Eid ul-Fitr, Natal e Vesak. Além destas, a nação tem três festas nacionais: o dia da República, o dia da independência e o Gandhi Jayanti. Uma outra série de dias festivos, variando entre nove e doze dias, são oficialmente celebrados em cada estado nacional. As práticas religiosas são parte integral da vida quotidiana e são um assunto de interesse público.
Após fazer algumas pesquisas na Internet, encontrei um documentário interessantíssimo onde estão retratadas as principais características da cultura indiana. Através da visualização deste vídeo podemos conhecer mais acerca da cultura indiana, filosofia de vida, religião e muitos outros aspetos interessantes desta nação. Posso concluir que a Índia é um país de cultura diversificada, baseada na religião que cada um adota, mas também um país machista, que discrimina bastante as mulheres.
Relações Interpessoais
Relações interpessoais são todos os contactos entre pessoas. Nesse âmbito encontra-se um infindável número de variáveis como: sujeitos, circunstâncias, espaços, locais, culturas, desenvolvimento tecnológico, educação e época.
As relações interpessoais ocorrem em todos os meios, no meio familiar, educacional, social, institucional, profissional e estão ligadas aos resultados finais de harmonia, avanço e progressos, ou na estagnação, alienação ou alienamento.
É o saber explorar a interação em qualquer ambiente que seja. Nasce da aceitação, desprendimento e acolhimento e, no mundo atribulado em que vivemos às vezes, não nos damos conta disto. Relacionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, é abrir-se para o novo. Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta do quão é importante estar num ambiente saudável e o quanto isto depende de cada indivíduo.
Tomemos como exemplo a relação interpessoal entre professores e alunos, onde são construídos vínculos com a aprendizagem, um dos aspetos fundamentais a ter em consideração. Em certas disciplinas, se houver uma relação negativa com o professor, pode criar nos alunos uma aversão ao assunto, mas também se existir uma relação interpessoal positiva entre estes não existe qualquer aversão por parte dos alunos, fazendo com que os mesmo gostem e se interessem pelo assunto. Assim, o professor pode estabelecer um vínculo favorável ou desfavorável para um determinado conhecimento, consoante a relação interpessoal que estabelece com os seus alunos.
Tudo isto tem por base o “Efeito de Pigmaleão”. Este efeito, também chamado efeito Rosenthal, é o nome dado em psicologia ao efeito das nossas expectativas e à nossa perceção da realidade na maneira como nos relacionamos com a mesma, como se realinhássemos a realidade de acordo com as nossas expectativas em relação a ela.
O poeta romano Ovídio, que viveu no início da era cristã, escreveu sobre o escultor Pigmalião, que se apaixonou pela própria estátua e foi premiado pela deusa Vénus, que lhe deu vida. O polémico dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, escreveu sobre esse tema na peça “Pigmalião”, posteriormente adaptada para o musical “My Fair Lady”, que retrata a história de uma florista que se transforma em “lady” porque alguém a viu como tal, fazendo aflorar a “lady” que já existia dentro dela.
O efeito Pigmalião foi assim designado por Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, destacados psicólogos americanos, que realizaram um importante estudo sobre como as expectativas dos professores afetam o desempenho dos alunos. Segundo os autores, professores que têm uma visão positiva dos alunos tendem a estimular o lado bom desses alunos e estes devem obter melhores resultados; inversamente, professores que não têm apreço pelos seus alunos adotam posturas que acabam por comprometer negativamente o desempenho dos educandos.
Um fenómeno semelhante foi estudado por Robert K. Merton, que o chamou profecia Auto realizável, porque quem faz a profecia é, na verdade, quem a faz acontecer.
Na gestão, a profecia Auto realizável foi apresentada num célebre estudo de Douglas McGregor, na década de 1960, que mostrou que a expectativa dos gerentes afeta o desempenho dos empregados: quando o gerente espera coisas positivas deles, essas tendem a vir; quando tem expectativas negativas, elas provavelmente também serão confirmadas. Em termos práticos, se alguém vê o outro como "difícil", não-colaborador ou mesmo como "inimigo", tende a agir como se o outro realmente fosse assim, levando-o a fechar-se para a colaboração e a tornar-se parecido com a imagem criada. Portanto, segundo McGregor, quem tem expectativas negativas sobre os outros, não acredita neles ou não vê as suas qualidades, costuma colher o pior dessas pessoas; já quem tem expectativas positivas, tende a obter o melhor de cada uma delas.
Para ficarmos a entender melhor o “Efeito de Pigmaleão” sugiro a visualização deste vídeo, onde nos explica por outras palavras em que consiste este efeito (já referido ao longo da reflexão pessoal) e nos dá conta de que devemos ser cautelosos com as expectativas que temos em relação aos outros:
https://www.youtube.com/watch?v=p1DvEeSo2n4
Apresento ainda outro vídeo que nos ajuda a esclarecer algumas dúvidas acerca das relações interpessoais, mais especificamente no trabalho, e que nos ajuda também a sabermo-nos comportar em determinadas situações, dando-nos conselhos para o conseguirmos com mais sucesso:
https://www.youtube.com/watch?v=mbG5rLn9jRs
Fazendo agora uma retrospetiva de toda esta reflexão pessoal, penso que tanto o tema da cultura como o tema das relações interpessoais, ambos os temas intimamente relacionados, foram bastante interessantes e como tal captaram a minha atenção uma vez que é algo com o qual contactamos no nosso dia a dia, vendo-nos obrigados a cruzar e a conviver com sociedades desiguais, dos mais diversos países, e com culturas muito diferentes da nossa, fazendo com que se criem relações interpessoais, ora saudáveis ora não. Dado que o mundo atual em que vivemos é um mundo global, as pessoas de diferentes culturas aproximam-se e influenciam-se reciprocamente e de forma mais rápida, pelo que é importante sabermos estudar as diferenças culturais que afetam e estão presentes nas relações interpessoais.
· https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura;
· https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_da_%C3%8Dndia;
· https://pt.slideshare.net/AnaPereira2/cultura-indiana;
· https://www.slideshare.net/rolandoalmeida/relaes-interpessoais-3002402;
· https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Pigmale%C3%A3o
Trabalho realizado por:
Diogo Palma nº3
Classificação: 20 valores (200 pontos)