O construtivismo de Jean Piaget e a sua contribuição para o desenvolvimento infantil.
Neste primeiro tema, começamos por estudar a origem da psicologia até à sua afirmação quanto ciência autónoma. Verificámos que no final do século XIX com o investigador alemão Wundt houve um esforço para tornar a psicologia uma investigação objetiva da consciência, adotando métodos e técnicas próprias das ciências experimentais. Houve uma tentativa de separação em relação á filosofia mas fracassou por causa do método introspetivo, demasiado incerto e subjetivista. Por outro lado, houve uma nova teoria criada por Freud, chamada psicanálise, que levou a psicologia para o estudo do inconsciente da vida mental, interessando-se pelos estudos de pessoas que sofrem de perturbações psicológicas: as neuroses. A psicologia do estudo do comportamento do Homem e do animal foi concebida pelo psicólogo norte-americano John Watson. O problema desta nova teoria, derivada do termo inglês “behaviour”, era a exclusão dos processos mentais, pois estes não eram diretamente observáveis. Podemos afirmar que a ciência da psicologia surge com a teoria de behaviorista de Watson, pois consegue garantir uma separação clara entre o sujeito observador e o objeto observado. Por último, a psicologia do investigador suíço Jean Piaget foi um importante contributo para o avanço da psicologia. O desenvolvimento infantil no que diz respeito à inteligência (construtivismo), outra escola da psicologia, chamada Gestaltismo, afirmou que o objeto de estudo desta nova ciência era composto pela perceção e operações de pensamento, defendendo uma abordagem holista, contra a perspetiva associacionista de Wundt.
Segundo Piaget, que desenvolveu a sua teoria do construtivismo ou teoria do desenvolvimento cognitivo para se demarcar das concepções inatista e behaviorista, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios (etapas de desenvolvimento que se distinguem qualitativamente das fases anteriores e posteriores). A cada estádio corresponde estruturas mentais organizadas que envolvem diferentes mecanismos. Partindo dos reflexos simples do bebé, herdados geneticamente, a criança vai construindo progressivamente estruturas mentais até atingir o pensamento formal. É através de um conjunto de mecanismos, que constituem uma totalidade, que a inteligência se desenvolve. Encarada como uma adaptação, assegura o equilíbrio entre o organismo e o meio. A adaptação é, deste modo, um processo interno de equilíbrio entre o sujeito e o meio que se realiza através de processos de assimilação e de acomodação. É com a assimilação que o sujeito incorpora os elementos do meio aos esquemas já existentes. Por sua vez, as estruturas mentais modificam-se em função das situações novas. Este processo designa-se por acomodação. As estruturas mentais e os esquemas (que são as estruturas mentais subjacentes nos comportamentos que organizam a interação do sujeito com o meio) tornam-se mais complexos em virtude do efeito combinado da assimilação e da acomodação: não há acomodação sem assimilação ou vice-versa. A equilibração é o processo que regula os dois mecanismos: prepara ou adequa a assimilação à acomodação e vice-versa. O desenvolvimento é, assim, de natureza interacionista e adaptativa que se fundamenta nas estruturas cognitivas, isto é, nas formas de organização mental que dotam o sujeito de determinadas capacidades intelectuais. O desenvolvimento, por sua vez, depende de quatro fatores: a hereditariedade, a experiência física, a transmissão social e a equilibração. A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento intelectual veio revolucionar as conceções vigentes sobre o pensamento humano, surgindo como uma nova conceptualização do desenvolvimento. O próprio desenvolvimento intelectual está relacionado com a génese do conhecimento. A sua teoria sobre a génese do conhecimento. A sua teoria sobre a génese do conhecimento e do pensamento remete para a importância do património genético e para o papel ativo do sujeito na sua interacção com o meio. A partir de Piaget, passa-se a aceitar que em cada estádio, a cada período etário, corresponde uma forma diferente de conhecer e de interpretar o mundo, de resolver problemas. A teoria de Piaget acaba por ser uma teoria aplicável a todos os indivíduos, pois para este o desenvolvimento intelectual depende da nossa hereditariedade combinada com o meio onde nos inserimos, logo esta teoria não é alvo de muitas críticas. Poder-se-á apontar que num dos factores preponderantes do desenvolvimento existe uma espécie de falha que leva o individuo/ sujeito a ter uma atrofia cognitiva, contudo o sujeito apresenta um nível de desenvolvimento intelectual acima da média. Tal acontece com os sábios Savant que apresentam uma inteligência sobrenatural, mas tal, muitas das vezes, não depende da interacção com o meio, é o próprio atrofio cerebral existente que os levam a ser desenvolvidos. A teoria de Piaget acaba também por ser uma teoria restritiva, pois define que o desenvolvimento intelectual estagna no final da adolescência. Mas como podemos aceitar que o nosso desenvolvimento para ao fim de um certo número de anos? O ser humano desenvolve-se diariamente através das situações socioculturais onde está inserido, logo a afirmação que o desenvolvimento intelectual para após a adolescência é ilusória. Outra crítica que também poderá ser apontada a Piaget é a de que a sua teoria foi formada a partir da observação de crianças do mundo ocidental, pertencentes a uma classe social média-alta, que tinham na altura um nível de ensino superior ao do resto do mundo, o que faz da sua teoria uma teoria restritiva em termos de globalização para todas as crianças a nível mundial. Após a exploração do tema e a apresentação das críticas, devo dizer que apoio a teoria de Piaget de modo parcial, mas penso que é através da filtração de ideias, da autocrítica e da comunicação eficaz com o meio envolvente, apoiado pelos factores de desenvolvimento (hereditariedade, experiencia física, transmissão social e do equilíbrio de ambas) que o sujeito poderá evoluir a nível cognitivo. Exemplo de tal é a educação, o sistema de ensino, a qual nos leva a debatermo-nos com problemas que conduzem ao nosso desenvolvimento intelectual. A educação molda-nos para o futuro e tem implícita a teoria do desenvolvimento intelectual de Piaget, visível nas tarefas impostas que nos levam a interpretar as situações e, apoiados pelos professores e colegas, a resolvê-las. A teoria de Piaget também pode ser observada diariamente em programas de combate ao analfabetismo, pois num dos quatro estádios, no estádio pré-operatório existe uma falha no desenvolvimento intelectual, a represália da função simbólica, que leva o sujeito a falar e a desenhar, entre outras, tendo esta que ser colmatada posteriormente através deste tipo de programas. Finalizo afirmando que a teoria de desenvolvimento intelectual de Jean Piaget é fundamental para o nosso desenvolvimento enquanto indivíduos, constituindo esta a base para o futuro de qualquer ser humano.
Bibliografia
+ MONTEIRO, Manuela e DOS SANTOS, Milice Ribeiro (2006). Psicologia A 12.º ano. Porto: Porto Editora.
+ MONTEIRO, Manuela Matos e PEREIRA, Noémia (2005). . Porto: Porto Editora.
Trabalho realizado por:
Diogo Palma nº 3
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